Por Marcus Atayde
Em 15 de agosto de 1823, o Pará assinava a adesão à independência do Brasil. Até então, a Província do Grão Pará e Maranhão era apenas uma das duas províncias que formavam o território que fazia parte da colônia portuguesa, sendo a outra, a Província do Brasil.
Um ano após o grito de independência, o Imperador Dom Pedro I, ordenou que a esquadra comandada pelo Almirante John Grenfell, partisse para vários estados até a Bahia, que ainda rejeitavam a idéia de aderir à independência e “cortar” os laços com Portugal; e forçasse a adesão dos mesmos. Entretanto, Grenfell foi além e em 11 de agosto de 1823, desembarcava no Porto de Salinas, dizendo trazer uma carta do Imperador. Tudo não passava de um blefe que faria os governantes do Pará se unir ao Brasil, temendo uma possível invasão do território e um bloqueio ao porto da capital, que sufocaria a economia, baseada em exportações. Ali começava a primeira intervenção do “resto do Brasil”, na história desse Estado que hoje poderia ser um país, não somente pela sua dimensão territorial, como também pelo potencial econômico da região.
Naquele momento, deixávamos de pertencer ao Império Português e passávamos a pertencer ao Império Brasileiro. Simplesmente uma “revolução” que não acrescentou em nada para a população do Estado, principalmente aos índios, negros e pobres.
Hoje, aproximadamente 187 anos depois, o Pará vive outra “revolução”, que poderá resultar na divisão do Estado em duas novas federações. Novamente, os paraenses assistem há debates realizados por pessoas que se quer moram no Estado e acham que podem decidir o nosso futuro. Como em 1823, hoje não serão blefes ou suposições, que norteará as decisões que diz respeito a 7,5 milhões de pessoas.
A divisão do Pará será mais um golpe do Brasil nesse povo que sofre com um tratamento colonial por parte da nação. Desde a tão questionada adesão à independência, o Pará tornou-se colônia do resto do país. A Economia continua fortemente baseada nas exportações, onde grandes projetos implantados na região são voltados para interesses externos. O Brasil olha para o Estado do Pará, como um grande produtor de commodities para o consumo do Brasil desenvolvido, a região sudeste.
Assim como no passado, muitos interesses econômicos estão em jogo e no final quem paga a conta sempre é a população da região. No entanto esta, talvez, seja uma oportunidade para mostrarmos unidade e um só objetivo: o desenvolvimento do Estado do Pará. No entanto é chegada a hora da revolução ser dos paraenses e começarmos a exigir o que nos é direito. Ao invés de dividir o Estado, por que não se propõem uma revisão histórica do processo de desenvolvimento do Pará, pondo em análise uma revisão crítica das relações com os mega exploradores dos nossos recursos naturais e ainda a revisão da Lei Kandir, que historicamente causam grandes perdas ao Estado.
O fato é que o caminho das pedras que se apresenta ser a divisão do Estado do Pará, na solução dos problemas da região, na verdade, nada mais é do que a obsessão por mais cargos eletivos e poder para políticos da região, que vale ressaltar na sua maioria não tem nenhuma raiz paraense e que buscam muito mais expansão de suas carreiras políticas, do que realmente o desenvolvimento das regiões a qual pleiteiam a divisão.
Fragmentar o Estado não mudará o modo de enxergar e a posição que a região ocupa dentro da política brasileira, comandada por um rodízio no poder de apenas três federações.
Caso esta divisão venha a se concretizar, novamente, assim como no episódio da adesão a Independência, a história do Pará seja decidida por gente de fora do Estado. O Pará é dos Paraenses e esta decisão cabe a todos nós nascidos no Estado, filhos dessa estrela chamada Pará e que só de pensar em não manter esse brilho, preferimos, mil vezes, a morte!
Caso esta divisão venha a se concretizar, novamente, assim como no episódio da adesão a Independência, a história do Pará seja decidida por gente de fora do Estado. O Pará é dos Paraenses e esta decisão cabe a todos nós nascidos no Estado, filhos dessa estrela chamada Pará e que só de pensar em não manter esse brilho, preferimos, mil vezes, a morte!
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